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Nota Oficial sobre as declarações do Ministro da Casa Civil, Rui Costa, a respeito do serviço público

12/03/2024

A Asfoc vem a público reprovar as declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa, concedidas à Rádio Metrópole, da Bahia, na última segunda-feira (11). Na ocasião, o ministro afirmou que o funcionalismo público “tem tendência à inércia grande” (sic) e que “precisa de uma fungada no cangote” (sic) para ter “mais agilidade”.

Chamar de inculto mau gosto as falas de Costa é pouco. Defendendo uma atitude assediadora e não consentida que, para o mundo do trabalho já seria condenável, o ministro resvalou para imagens de indisfarçável dominação sexista, que a ciência já resumiu numa palavra: perversas.

Qual o tamanho da “inércia” dos trabalhadores que mantiveram de pé o SUS na vigilância dos aeroportos, na assistência, nas batalhas diárias nos estabelecimentos de ensino, todos os dias, mesmo na pandemia, sem parar?

Os servidores da Fiocruz que denunciamos a estratégia genocida de exposição ao vírus da Covid-19 como suposta imunidade de rebanho, e mantivemos o apoio e a defesa dos direitos de parentes das vítimas da Covid-19, até aqui, continuamos na vigilância e no acolhimento em saúde com uma “inércia grande”? 

Quão grande foi a nossa “tendência à inércia” para colocar vacina no braço de todas e de todos, na contramão de um Governo que desacreditava a ciência no momento em que mais precisávamos dela para salvar vidas? Foi grande a “inércia” dos servidores públicos, que denunciaram irregularidades na compra de vacinas, a alta do desmatamento na Amazônia e tantos outros desmandos e crimes daquele governo, à custa de suas próprias carreiras?

Princípio democrático é o respeito. Nosso histórico é de lutas, de resistência e de competência, para garantir a independência que faz com que o serviço chegue de forma eficiente a toda a sociedade. Servimos ao país e à sociedade, não ao ministro.

Quando se refere ao outro como objeto que deve executar passivamente suas vontades, Costa sela sua afinidade com as declarações de várias figuras do governo anterior, cujo desprezo contumaz pelos direitos das minorias e pelo sofrimento humano quase sempre vinha travestido da pretensão de ser a voz “autêntica” do “homem comum”.

No caso de Costa, a semelhança fica tanto maior porque o ministro não fecha os olhos apenas para o que fizemos e fazemos, mas para todos os direitos e benefícios que perdemos e continuamos perdendo. Porque trata os servidores como inimigos que o governo precisa “pisar”, o ministro recria, à sua peculiar maneira, a granada para o bolso do funcionalismo público. 

Sob holofotes que colocam interesses pessoais à frente do bem público, e com eleições à vista, resta tristemente claro que essas semelhanças podem ser mais que meras coincidências. Se pretendeu ser espirituoso, não foi sequer original. Foi mais que infeliz e inadequado. Foi nocivo.

Não espere o ministro de nós, do funcionalismo público, a submissão que ele tão ardentemente deseja. E, se publicamente declara este o caminho para a remuneração digna, fica a pergunta: no caso das categorias presenteadas com aumentos, quem fungou o cangote de quem?

É melhor mudar o tom. Aqui não há acomodação, nem inércia. Norte a sul deste país, servidores da Fiocruz demandamos retratação pela fala preconceituosa, ruidosa e ruinosa de Costa. O bom senso e a democracia demandam a reparação de anos de prejuízos sofridos por todos os servidores públicos.

O serviço público merece e deve ser tratado de forma condizente com a sua importância, por todas as esferas do estado, não importa o governo. Chega de tomar a pandemia por uma “gripezinha” (sic), de tomar a luta por uma “grevezinha” (sic). Chega de tomar injustiça por molecagem e de tratar o condenável como coisa espirituosa. O Brasil já sofreu demais.

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