A Asfoc-SN repudia veementemente as manifestações xenófobas e covardes perpetradas contra os refugiados venezuelanos em Roraima. As agressões contra uma população em situação vulnerável estão em frontal desacordo com os ideais de solidariedade, serenidade, civilidade e bom senso que deveriam orientar as relações entre países e seres humanos. Estamos muito distantes da ideia do brasileiro cordial. As cenas de Pacaraima mostram a escalada de insanidade e violência que atinge o Brasil. Insanidade e violência incentivadas por grupos adeptos do emprego da força para lidar com qualquer tipo de situação problemática. Opção míope e tão arbitrária quanto ineficiente. O governo, que acertadamente (em cumprimento de acordos internacionais, inclusive) acolheu a população que procurou abrigo no país, tem a obrigação legal e moral de garantir a integridade física dos refugiados. Estamos diante de uma verdadeira crise de valores. Crise estimulada por uma perspectiva que faz do individualismo o centro de um sistema altamente competitivo sem espaço ou apreço para sentimentos de empatia ou atitudes humanitárias. Um verdadeiro Darwinismo social que não oferece proteção às circunstâncias de vulnerabilidade a que todos nós estamos potencialmente submetidos. Um caminho de todos contra todos, mas também um caminho covarde que se dirige especialmente contra aqueles sem condições de reagir. Uma agressão reservada aos que se encontram fragilizados. Um patriotismo torto, mobilizado contra bodes expiatórios construídos por uma mídia irresponsável que apoia a entrega do país. Um patriotismo hipócrita que não se mostra frente às repetidas e contundentes agressões que atingiram duramente nossa soberania. Um patriotismo que não sai em defesa da própria sociedade e que permite o espetáculo vergonhoso da fome e da miséria que cresce nas nossas cidades. Um patriotismo que abandona e que não se mobiliza pela construção de um país fraterno, justo e inclusivo. Um país soberano promotor da paz e da solidariedade entres os povos.