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Nota de repúdio aos ataques às instituições públicas de ensino e seus professores

27/02/2018

Contra o obscurantismo e a censura

A direção da Asfoc-SN repudia veementemente os constantes ataques às instituições públicas de ensino e aos seus professores, que nos últimos meses sofrem com cortes de investimentos, perseguições políticas e censura. A autonomia universitária está sob ataque. Não podemos nos calar diante de mais uma ameaça de retaliação do governo, desta vez contra o Instituto de Ciência Política da UnB. Na semana passada, o ministro da Educação, Mendonça Filho, acionou o Ministério Público, a Advocacia Geral da União e o Tribunal de Contas da União, para analisar uma possível punição aos responsáveis pela organização do curso “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia Brasil”. As perseguições se acumulam. No ano passado, reitores de outras universidades também sofreram com atitudes abusivas e inapropriadas. Os responsáveis pela UFMG (Minas Gerais) e UFSC (Santa Catarina) foram conduzidos coercitivamente pelas autoridades, numa clara demonstração de força e intimidação. Mais recentemente, um pesquisador renomado – Elisaldo Carlini, professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Univesp) – recebeu intimação por “suposta apologia às drogas”. Em nota assinada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), as instituições consideram que “acusar o Dr. Carlini de apologia às drogas equivale a criminalizar a inteligência e o conhecimento técnico-científico. Trata-se de uma provocação cruel e vazia contra um cientista que dedicou toda sua vida à fronteira do conhecimento. O Dr. Elisaldo Carlini é imprescindível e sua carreira é uma apologia à vida”.

No início do ano, participantes do 3º Encontro da Rede Internacional Sindical de Solidariedade e Lutas também se manifestaram contra a perseguição ao pesquisador da Fiocruz Fernando Carneiro, que divulgou dados oficiais sobre a utilização de agrotóxicos no Brasil. Prontamente, a Asfoc-SN se colocou contra a censura e o cerceamento da atividade científica em prol da vida.

O movimento retrógrado, que integra iniciativas obscurantistas como o Escola Sem Partido, procura atingir também a obra e a memória do educador Paulo Freire, mundialmente reconhecido por suas contribuições ao processo civilizatório e à emancipação dos excluídos, tentando revogar o título de patrono da educação brasileira concedido ao pensador como uma justa homenagem ao brilhante trabalho por ele realizado.

As ações contra a liberdade acadêmica se somam à falta de investimentos para a Saúde, para a Educação e para a Ciência e a Tecnologia. Ações que minam a capacidade do país melhorar seu IDH e trabalham contra a soberania nacional e a capacidade do país competir no mercado internacional. 

Em 1970, na corrente repressora desencadeada pelo golpe de 1964, a Fiocruz foi duramente atacada pela ditadura no conhecido episódio o Massacre de Manguinhos, que cassou dez dos seus cientistas, instalando um clima de inquisição, desativando linhas de pesquisa, interrompendo a reprodução de quadros para a ciência brasileira. Assim como ocorreu com o processo de redemocratização do país que levou à Constituição de 1988 e à criação do SUS, essas ações serão derrotadas e colocadas na prateleira dos atentados nefastos à democracia e aos valores da civilização.

A Asfoc-SN reafirma seu compromisso contra a barbárie. Em defesa da vida. Da democracia. Dos servidores e de um serviço público de qualidade. Um compromisso com um país inclusivo que tenha o bem-estar da população como centro do projeto nacional.

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