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No Dia do Sanitarista, Asfoc-SN visita Vila Autódromo e se solidariza com moradores

02/01/2016

 

 

       No primeiro sábado do ano (02/01), o Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN) participou da cerimônia de transferência do terreno da capela São José Operário, na Vila Autódromo, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro. A assinatura do documento foi feita na comunidade durante missa celebrada pelo cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta.

       Na mesma tarde, o vice-presidente do Sindicato, Paulo Garrido, e os diretores Alcimar Pereira Batista (Administração e Finanças) e Gutemberg Brito (Comunicação) acompanharam de perto algumas violações aos direitos humanos dos moradores, e o descaso, desrespeito e truculência da Prefeitura do Rio de Janeiro e das empreiteiras na região.

       Com grande parte das moradias em escombros – que remetem a imagens de uma cidade destruída por bombardeios –, os diretores do Sindicato escutaram muitas críticas de ex-moradores removidos do local pela Prefeitura e dos poucos residentes (cerca de 20 famílias) que ainda permanecem no local. Entre elas: falta de infraestrutura (saneamento básico, luz, água, coleta de lixo e serviço de correios); ameaça da Prefeitura aos moradores; e transformação da comunidade em um canteiro de obras.

       Tudo com o objetivo de remover a comunidade, “aproveitando” mais um grande megaevento esportivo, como as Olimpíadas (assim como aconteceu no Pan-Americano/2007 e Copa do Mundo/2014), e realizar especulação imobiliária.

       Morando há 25 anos na Vila Autódromo, dona Dalva de Oliveira, de 82 anos, reclamou que ficou sem linha telefônica durante 6 meses no ano passado, além de vários dias sem água e luz. “A coleta de lixo, por exemplo, não passa há 10 dias por aqui”, denunciou.

       Rafaela Silva, de 28 anos, desempregada e grávida do quarto filho, disse que não há qualquer condição de moradia no local. Segundo ela, seus filhos têm crises alérgicas respiratórias com frequência, em função da poeira das obras, e ficaram doentes depois de beberem água da fossa. “Estamos passando muito sufoco aqui”, reclamou.

       A ex-moradora da Vila Autódromo, a artesã Jane Nascimento, de 58 anos, falou sobre o seu medo e a pressão que sofreu da Prefeitura para negociar o seu imóvel. “Ou eu negociava ou eles me botavam na rua sem receber nada”, afirmou.

       A defensora pública do Núcleo de Terras e Habitação, Adriana Beviláqua, explicou que a regularização fundiária dos terrenos da Vila Autódromo aconteceu em 1993 e a concessão nunca foi revogada. Além disso, uma lei complementar municipal, de 2005, instituiu área de interesse social. “Ou seja, é destinada à moradia da população de baixa renda. A atuação da Prefeitura na retirada dos moradores vai contra a Lei. Temos uma situação de ilegalidade neste caso”, frisou.

       Arquiteta e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Regina Bienenstein criticou a remoção dos moradores da Vila Autódromo. Ela relembrou que, com a escolha do Rio de Janeiro para a sede das Olimpíadas, o plano da Prefeitura previa a demolição do autódromo de Jacarepaguá para a construção do Parque Olímpico; uma série de obras no entorno; e a remoção completa da comunidade.

       Em 2013, em conjunto com uma equipe técnica da UFF, UFRJ e moradores da Vila Autódromo, apresentou como alternativa o Plano Popular de Urbanização, em que a comunidade não precisava ser removida. A implantação do projeto chegava a R$ 3 milhões e, inclusive, chegou a ganhar o prêmio internacional Urban Age Award, do Deutsche Bank e da London School of Economics and Political Science.

       “O que já gastaram com a remoção das famílias é 10 vezes mais do que o Plano Popular previa”, afirmou Regina.  

       Presidente da Associação da Vila Autódromo, Altair Antunes Guimarães, de 61 anos, disse que vai lutar até o fim junto com os últimos moradores. Já indenizado por sua residência, ele também espera receber alguma quantia pela demolição da sede da associação e realizar um sonho: doar o dinheiro para uma entidade ligada ao câncer infantil.

       Durante a visita, foi solicitado por representantes da comunidade pedido de apoio formal à Presidência da Fiocruz e uma reunião com a participação da Cooperação Social da Fundação, Defensoria Pública do Rio de Janeiro e moradores da Vila Autódromo.

       Neste Dia do Sanitarista (02/01), o Sindicato defende o direito de permanência das famílias em suas casas, e exige que o Estado promova e restabeleça ações para os moradores viverem em condições dignas na região.

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