A Medalha Jorge Careli de Direitos Humanos e o Prêmio Sérgio Arouca de Saúde e Cidadania foram entregues nesta terça-feira (05/11) pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc SN), no campus de Manguinhos (RJ). Um dos agraciados com a insígnia, que tem por objetivo homenagear aqueles que se destacam na luta contra a violência e em defesa dos direitos humanos, foi o Centro de Formação Paulo Freire, ligado ao Assentamento Normandia, em Caruaru (PE). A presidente da Associação dos Trabalhadores do Assentamento Normandia (Atranor), Mauricéia Matias de Lima, representou o centro na cerimônia, que também contou com a presença da coordenadora da Asfoc Pernambuco, Joselice Pinto.
“Fico feliz (com o recebimento da medalha) pois fortalece a convicção que tudo que fazemos está no caminho correto, o da educação. É caminho que dá condições para que todos as pessoas tenham seus direitos respeitados”, afirmou Mauricéia. Para a coordenadora da Asfoc Pernambuco, Joselice Pinto, “essa premiação é muito justa” porque há 20 anos o Centro de Formação é espaço de socialização do conhecimento, de acesso às políticas públicas voltadas para a população do campo. “Os assentamentos sempre viveram de forma precária e o Centro de Formação promoveu o empoderamento dos assentados. Tornou acessível as políticas criadas para o homem do campo, principalmente as de educação e saúde. E vem promovendo experiências que trabalham com as perspectivas dessa população”, enfatizou.
O centro atende assentados de todo o estado e mantém parcerias na área de educação com diversas instituições, entre elas a Fiocruz. Em colaboração com a Prefeitura de Caruaru possui duas turmas de ensino fundamental e com o Governo do Estado o curso “Pé no Chão”, voltado para assentados. O curso tem três etapas, tendo como base vivências e práticas em agroecologia. Nesse espaço também funcionam a Casa da Juventude, Academia das Cidades, criada em parceria com o governo do Estado; Academia do Campo, uma quadra esportiva e uma creche, além de cinco agroindústrias
Em setembro deste ano, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), coordenador do assentamento, recebeu um pedido de despejo feito pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e aceito por um juiz da 24ª Vara Federal de Caruaru. O juiz determinou a reintegração de posse da área onde funciona o Centro de Formação. No dia 15 de outubro, o desembargador Manoel Erhardt, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, decidiu suspender a reintegração até que o tribunal julgue o recurso da Atranor.
CARELI – O nome da medalha faz referência ao servidor da Fiocruz Jorge Careli, que em 1993 foi confundido com um sequestrador e levado por policiais da Divisão Anti-Sequestro (DAS) quando falava de um telefone público na Favela da Varginha, em Manguinhos. Desde então nunca mais foi visto. Os demais agraciados com a insígnia foram a médica e escritora Jurema Werneck, ativista do movimento de mulheres negras e dos direitos humanos; o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e a pesquisadora da Fiocruz Maria do Carmo Leal. Ela é uma das coordenadoras do Projeto Nascer nas Prisões.
O pesquisador Akira Homma, também da Fiocruz; o médico João Baptista Risi Júnior; as coordenadoras do Projeto Novos Caminhos, Márcia Regina Vinhaes e Maria Laura Santos (IFF/Fiocruz) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) receberam o Prêmio Sergio Arouca, concedido aos destaques na luta por saúde e cidadania para a população.