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Asfoc concede Medalha Careli de Direitos Humanos para trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz

05/12/2023

A emoção marcou, mais uma vez, a edição da Medalha Jorge Careli de Direitos Humanos e do Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania. Em 4 de dezembro, a Asfoc-SN premiou destaques da Fundação Oswaldo Cruz na luta por direitos humanos, saúde e cidadania: a assistente social da Creche Fiocruz, Yvone Costa de Souza, o coordenador de Cooperação Social da Instituição, José Leonídio Madureira Sousa Santos (Medalha Careli) e a Plataforma Colaborativa IdeiaSUS Fiocruz (Prêmio Sergio Arouca), no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp).

Frei Betto, o Fórum Grita Baixada, o jornal comunitário Voz das Comunidades, o Projeto Educação Política Popular por Cidadania Fiscal e Direitos Humanos e Mãe Neide Oyá d´Oxum foram ainda homenageados com a Medalha Careli. Na mesma ocasião, o Sindicato também agraciou o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, e a Rede Nacional por Responsabilização e Reparação das Vítimas da Covid-19 com o Prêmio Sergio Arouca.

A Mesa de abertura foi composta pela presidente da Asfoc, Mychelle Alves, o vice, Paulo Garrido (definindo, durante o evento, as pessoas para entregar as medalhas, placas e certificados aos homenageados), os diretores da Ensp, Marcos Menezes, Executivo da Fiocruz, Juliano Lima, e do Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, Alexandre Telles; o secretário Nacional de Participação Social, Renato Simões, o representante da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG), Israel Dias, e uma das irmãs de Careli, Lúcia Helena – além da mestre de cerimônias, a diretora de Administração e Finanças da Asfoc, Lúcia Helena da Silva.

Em suas falas, parabenizaram o Sindicato pela realização do evento, os homenageados pela defesa das causas (direitos humanos, saúde e cidadania) e lembraram sobre a perda recente de alguns companheiros de luta e militância.

“Tivemos algumas perdas esse ano, e também de direitos humanos feridos, como o da Mãe Bernardete (líder quilombola assassinada com 12 tiros, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador), grande lutadora das religiões de matriz africana e tradições do povo quilombola! Mãe Bernardete presente”, clamou Mychelle Alves, emocionada.

“Dois pontos marcam a entrega da Medalha Careli e do Prêmio Sergio Arouca neste ano: a memória (às vítimas da Covid-19) e a resistência. Essa iniciativa da Asfoc é também de pensar o futuro. O futuro de construção de novos caminhos”, destacou Marcos Menezes.

“Neste momento, não é possível não estar muito emocionado. Vivemos isso frequentemente, mas a cada edição a gente se emociona, por vezes, mais e mais. Estamos vivendo isso no primeiro ano da retomada de um governo democrático e popular neste país. Isso não é pouca coisa. O que vivemos ao longo desse período recente é a manifestação pura do quanto a luta por direitos é a luta pela democracia. É a luta permanente e cotidiana que jamais deixaremos de lutar”, disse Juliano Lima.

“Deixo meu abraço a todos os homenageados. Contem conosco nesta trajetória. São muitas lutas, mas certamente muitas vitórias. E não tem vitória fácil nessa vida. Então, vamos caminhar todos juntos que a vitória será certa, e seguir em luta”, frisou Alexandre Telles.

“O povo brasileiro tem uma dívida com a Fiocruz, com o SUS, com o Conselho Nacional de Saúde, com todo mundo que levantou, no período anterior, em que o governo (Bolsonaro) se associou ao vírus, com uma tese totalmente anticientífica para dizimar a população. E vozes como as que estão aqui hoje, homenageadas e que homenageiam, foram fundamentais para a defesa da democracia e da vida do povo brasileiro”, declarou Renato Simões.

O representante da APG, Israel Dias, compartilhou um pensamento do escritor, pensador, líder quilombola e ativista do movimento negro Antônio Bispo - que também faleceu em 2023. “Um rio não deixa de ser um rio porque conflui com outro rio. Ao contrário: ele passa a ser ele mesmo e outros rios, ele se fortalece. Quando a gente confluencia, a gente não deixa de ser a gente, a gente passa a ser a gente e outra gente”. E completou: “Neste sentido, é se entender como muitos rios que se encontram, fazendo essa correnteza, movimentando bastante coisa na luta pelo nosso povo e direitos humanos”.

O primeiro homenageado do dia foi o coordenador da Cooperação Social da Fiocruz, Leonídio Madureira Sousa Santos. Ele disse estar honrado em receber a Medalha Careli e dedicou a homenagem à família. “É fruto de uma trajetória que eu tenho que reconhecer que é a contribuição dos meus pais, semialfabetizados, operário e mãe camponesa, que me deram os valores e princípios para trilhar a solidariedade, principalmente de classe. Isso me deixa muito fortalecido.

Coordenadora da Creche Fiocruz, Yvone Costa de Sousa dedicou o prêmio à sua equipe. “A todas as meninas e meninos da creche, a todos os homenageados e companheiros de medalha, a honra que me dão de estar ao lado de vocês, a importância de cada um, influencia minha vida e move minha vida como pessoa e mulher. Juntos vamos transformar essa sociedade, porque é cruel quando você não é reconhecido, não é incluído e não é abraçado”, afirmou Yvone, relembrando que a Asfoc foi a primeira empresa a contratá-la na Fiocruz.

O representante do Fórum Grita Baixada, Adriano de Araújo, declarou que recebe a homenagem “com muita alegria e muita responsabilidade, porque é uma homenagem à Baixada Fluminense, às mães e aos familiares vítimas da violência, que hoje lutam por justiça, memória e reparação”.

Já o representante do Voz das Comunidades, Tiago Bastos, disse que a missão do jornal comunitário é dar espaço às comunidades marginalizadas. “Com enfoque em assuntos realmente importantes e derrubar os estereótipos. Levar informação, a cultura favelada e que isso seja prestigiado de alguma forma. Que a gente possa prestigiar nossa periferia”.

A representante do Projeto Educação Popular por Cidadania Fiscal e Direitos Humanos, Carolina Lima Gonçalves, disse ser um momento muito especial. “Me sinto imensamente grata e honrada em estar aqui representando um projeto de educação popular, com um tema que é tão projetado para ser excluído de quem precisa dominar ou acessar”.

Mãe Neide Oyá d´Oxum pediu a bênção de todos seus ancestrais por construírem a filosofia de vida de amar ao próximo. “São momentos como esses, homenagens como essas que me fortalecem. Fortalece todo nosso povo. Vale a pena lutar! Vale a pena não desistir jamais”.

Citado por vários homenageados como referência de vida, frei Betto afirmou: “Eu não tenho nenhuma esperança de participar da colheita, mas eu vou morrer semente. Eu quero que nossos netos, bisnetos colham, mas é preciso alguém plantar. (...) A felicidade vem da nossa capacidade de fazer os outros felizes”, disse frei Betto, arrancando aplausos da plateia.

Representando a Rede Nacional por Responsabilização e Reparação das Vítimas da Covid-19, Paula Falceta afirmou, ao lado dos colegas Rosângela Dornelles e Milton Alves, que a Rede foi criada para  mostrar o rosto e não o CPF. “A gente tem nome, tem cor, tem jeito e tem afeto”, contou a primeira homenageada do dia com o Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania.

Coordenador de Relações Institucionais da Fiocruz e representante do Ideia SUS, Valber Frutuoso disse que a plataforma colaborativa vai muito além de uma questão tecnológica. “Esse espaço está aberto, receptivo para que essas experiências possam estar ali depositadas, mas não como um depósito, e, sim, como uma oportunidade de troca. Para que possa ser compartilhado com outros, para que, com isso, possa se garantir cada vez mais esse papel tão importante que o SUS desempenha para a saúde do nosso país”.

Encerrando o evento, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, destacou também que o prêmio é especial pelas histórias de construção coletiva. “Sonho que você sonha junto se torna realidade. E a gente faz essa realidade acontecer. Porque foi através de muita luta, desta solidariedade, desse espírito comum, de comunidade, de construir coletivamente que a gente conquistou muita coisa neste país.  Nos tiraram muitas coisas. Mas só não tiraram mais porque a gente resistiu. E agora a gente tem que reconstruir, mas construir coisas novas. E acredito que estamos neste caminho”, finalizou.

Os prêmios foram entregues pelo diretor da Asfoc-SN, Carlos Fidelis Ponte (Leonídio Madureira), pela coordenadora Geral de Gestão de Pessoas da Fiocruz, Andrea da Luz Carvalho (Yvone Costa), por Regina Bueno (Fórum Grita Baixada), pela ex-diretora de Recursos Humanos da Fundação, Leila Mello (Projeto Educação Popular), pela atriz Luana Xavier (Mãe Neide), pelo diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/IFF, Tom Meirelles (frei Betto), pelo coletivo da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19/Avico (Rede Nacional por Responsabilização), pelas pesquisadoras Cláudia Travassos (Ideia SUS) e Lúcia Souto (Fernando Pigatto).

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