Os ex-ministros da Saúde Alexandre Padilha e Saraiva Felipe destacaram a atuação da Fiocruz, do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos governos estaduais e municipais no combate à pandemia do novo coronavírus. As afirmações foram feitas ontem (23/06) durante a live “Crise Covid-19 e Políticas de Saúde”, promovida pela Asfoc-SN.
Na abertura da reunião virtual, o presidente Paulo Garrido relembrou alguns números da pandemia no Brasil: mais de um milhão de casos confirmados e 50 mil mortes, e apenas 30% do orçamento gastos no enfrentamento da crise sanitária. Paulinho também criticou a atuação do governo federal. Para ele, as posições e os exemplos do presidente da República foram péssimos para a organização de ações efetivas contra a covid-19.
“Não comandou a preparação do país para a chegada da pandemia; menosprezou o seu potencial destrutivo; atacou as orientações da OMS e das autoridades sanitárias nacionais e internacionais. Falou em histeria, gripezinha ou que a cloroquina seria a bala mágica. Entrou em atrito com governadores e prefeitos; atrasou o repasse para estados e municípios; não foi ágil nem eficiente na questão do auxílio emergencial. Não apresentou um plano sequer para combater a pandemia. Atitudes desastrosas. Só não estamos em pior situação porque temos o SUS”.
Alexandre Padilha criticou o fato de não haver uma direção clara por parte do Ministério da Saúde no combate ao novo coronavírus. Ele também condenou a ocupação militar, há mais de 30 dias, da pasta. “Não tem qualquer papel de coordenação técnica-política e de liderança na estratégia de enfrentamento da covid. As estruturas do SUS, como no caso da Fiocruz, tem sido decisivas para reduzir a maior tragédia humana no Brasil”, frisou.
O ex-ministro revelou também o esforço para aprovar o Projeto de Lei, do médico e ex-deputado federal Odorico Monteiro (CE), para transformar a Fundação Oswaldo Cruz no primeiro grande patrimônio do SUS. “Estabelecer, inclusive, dentro do Projeto de Lei, que não pode haver contingenciamento de recursos da Fiocruz, na ideia de proteger, fortalecer e reconhecer historicamente o papel da Fundação”, ressaltou.
As críticas de Saraiva Felipe seguiram a mesma linha de Padilha e Paulo Garrido. “Em termos nacionais, tivemos uma desorientação. O próprio presidente tentou desqualificar a pandemia, tentou colocar a doença como uma gripezinha, algo menor. E a partir daí quem assumiu (a direção) foi estrutura do SUS, a maioria dos governadores e prefeitos”.
E acrescentou: “Quando chegamos nesta situação de pandemia, o que temos é a área pública. O empenho da Fiocruz, na vanguarda de pesquisa de vacinas e de medicamentos, para enfrentar a pandemia no Brasil. Nós temos o SUS”, comemorou.
Confira a live na íntegra:
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