Como atividade em homenagem ao Mês do Trabalhador, a Asfoc-SN promoveu ontem (08/05) o debate “Ilegalidade e imoralidade do golpe. Quem paga essa conta?”, na sede do Sindicato. Os palestrantes convidados foram a presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), a médica sanitarista e doutora em Saúde Pública pela Ensp Lúcia Souto, e o professor titular de Direito Internacional da Universidade de Brasília (UNB), o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão.
Mediando a Mesa, o diretor Carlos Fidélis Ponte explicou a motivação da proposta do Sindicato para o debate sobre o golpe e a conjuntura política. “Nasceu de um esgarçamento das relações internas no que diz respeito à interpretação do que ocorre no país. De opiniões que se radicalizaram e algumas destas pessoas assumirem uma única narrativa, vinculada majoritariamente pela grande mídia”.
Fidélis continuou esclarecendo que “na visão do Sindicato, a prisão de Lula está articulada a um movimento de assalto aos recursos naturais, que mina a capacidade do Estado brasileiro em reagir e em atender à população com um projeto de país mais inclusivo”.
E essa visão, segundo ele, não está dissociada de toda a conjuntura que envolve não só a prisão do ex-presidente, mas como também a criminizalização da política. “É fácil ver na mídia e nas redes sociais ofensas, mentiras, insinuações criminosas. Então, trouxemos para o debate visões distintas para que sejam colocadas posições diferentes e debater civilizadamente”.
Com transmissão ao vivo pela internet para as Regionais, os palestrantes afirmaram que a base do golpe teve os pilares do setor financeiro, Poder Judiciário, Ministério Público e mídia. “Temos um protagonismo do Judiciário e também um papel da mídia que não é trivial. É um monstro midiático que cultiva todos os dias a mentira e o ódio. Estamos sendo torturados e insultados diariamente neste país”, disse Lúcia Souto.
Ela afirmou ainda que a Constituição de 1988 foi jogada no lixo. “O golpe é uma afronta à soberania do país, à democracia e aos direitos sociais”. Acrescentou também que a “agressão monumental e a escalada fascista” só poderão ser interrompidas por um processo coletivo. “Temos que enfrentar a política do ódio com solidariedade, amor e companheirismo e, assim, podermos dar força às bandeiras da democracia, soberania e direitos sociais”, frisou.
De acordo com Eugênio Aragão, o golpe é a combinação entre esses setores (Poder Judiciário, Ministério Público, mídia e mercado financeiro como um todo). “Eles não vão permitir o Lula ser candidato. Não tenhamos ilusões! Não querem saber se o processo a que foi condenado é um processo pífio, fraudulento, sem prova alguma. Anulá-lo significa a elegibilidade de Lula e a mudança de panorama”.
Neste ano eleitoral, mais importante que candidatura, segundo ele, é ter um plano de recuperação da governabilidade democrática. “Precisamos garantir que o próximo governo enfrente essa lambança do Judiciário e do Ministério Público. E tenha disposição e coragem para anistiar aqueles que foram vítimas de um processo fraudulento. Não adianta querer combater, entre aspas, a corrupção com processos corrompidos, porque só transforma os verdadeiros corruptos em vítimas. O importante neste momento é garantir a volta de um projeto de democracia inclusiva”.
Após a apresentação de cada um dos palestrantes, os internautas e os presentes ao debate puderam fazer perguntas aos convidados. Dentre as análises surgiram questionamentos sobre a possibilidade de não haver eleição neste ano e as estratégias dos militares no processo.
Para assistir à integra do debate, acesse o portal (www.asfoc.fiocruz.br [2]), a fanpage no Facebook (Asfoc Sindicato Nacional [3]) ou o canal do Youtube [4].
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