A Asfoc–SN vem a público manifestar sua indignação e o seu veemente repúdio à ação da Polícia Federal, que nesta manhã (06/12) entrou na Universidade Federal de Minas Gerais para conduzir coercitivamente o seu reitor, Jaime Arturo Ramirez, a vice-reitora, Sandra Regina Goulart Almeida, o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira, as ex-vice-reitoras Rocksane de Carvalho Norton e Heloisa Gurgel Starling e duas funcionárias da Fundep.
Consideramos abusivo e inapropriado o uso do instituto da coerção coercitiva antes de esgotadas as tentativas de ouvir ou colher provas pelas vias regulares por meio de convite ou intimação para depor. Em tais circunstâncias, a condução coercitiva se transforma em ato espetacular e humilhante que atinge pessoas sobre as quais não há convicção de culpa.
Situação semelhante à vivenciada este ano por Luiz Carlos Cancellier, reitor afastado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e que, dias depois, acabou se matando por não aguentar tal humilhação.
A ação espalhafatosa indica a existência de um forte componente político personificado no nome com o qual foi batizada a operação para analisar eventuais desvios de recursos para a construção do Memorial da Anistia: “Esperança Equilibrista”, uma alusão à canção que homenageia Betinho e todos aqueles que foram perseguidos por se colocarem contra a ditadura. Uma alusão que pode ser interpretada como desdém à causa da anistia.
Vivemos em um tempo em que a autonomia universitária, as atividades acadêmicas ou a honra de reitores e funcionários públicos são ameaçadas enquanto assistimos a indecente compra de votos praticada pelo governo no Congresso Nacional. Um tempo em que o constrangimento de personalidades que representam instituições onde ainda é possível exercer a crítica e o livre pensamento convive com a ineficiência em apontar e punir culpados por transportar meia tonelada de cocaína em um helicóptero pertencente à família de um senador da República. Um tempo em que muitas vezes problemas administrativos são apresentados como verdadeiros escândalos policiais. Um tempo de exceção e terror que se utiliza da suspeição pública para macular a imagem de pessoas, instituições ou causas.
Pelo retorno ao Estado de Direito. Contra o arbítrio. Contra as ameaças veladas ao mundo acadêmico. Em defesa da democracia, a Asfoc se coloca ao lado da UFMG e de todos aqueles que lutaram e lutam por um país justo e inclusivo.
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