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Conferência Envelhecimento e Saúde: “As pessoas idosas querem ser vistas tendo um papel ativo na sociedade”

23/05/2023

Conferência Envelhecimento e Saúde
“As pessoas idosas querem ser vistas tendo um papel ativo na sociedade”

Entrevista especial Asfoc-SN
Fernando Taylor

Faltando menos de uma semana para a Conferência Livre, Democrática e Popular “Envelhecimento e Saúde: em defesa do SUS e da democracia”, a Asfoc-SN entrevistou a pesquisadora em Saúde Pública do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde (Lis/Icict) e integrante do grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento, Dália Romero. Ela falou sobre a expectativa da Conferência e a importância do evento para a sociedade brasileira.

“O idoso não quer ser visto como uma pessoa com muitas doenças. Quer ser visto tendo um papel ativo na sociedade, um papel importante quando se fala, por exemplo, em complexo econômico industrial, em atenção primária, contexto saudável, acesso à tecnologia, saúde digital. Em todos os temas têm que entrar a discussão de um envelhecimento digno e saudável”.

A conferência acontecerá no próximo sábado (27/05), a partir das 9h, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Evento presencial e virtual. Para mais informações acesse: https://conferenciaenvelhecimentoesaude.blogspot.com/

Leia abaixo a íntegra da entrevista! 

Asfoc – Qual a expectativa da sociedade brasileira para a realização da 17ª Conferência Nacional de Saúde (2 a 5 de julho)?

Temos toda a expectativa nessa conferência, e queremos responder e trabalhar pelo nome desta conferência, que é “Amanhã vai ser outro dia”. Mas vai ser um outro dia melhor. E tentando que o amanhã seja um dia melhor, nosso grupo está propondo a conferência nacional livre, democrática e popular de envelhecimento e saúde no Brasil.

A pré-Conferência Livre, Democrática e Popular “Envelhecimento e Saúde: em defesa do SUS e da democracia” acontecerá de maneira híbrida, ou seja, tanto presencial, na Fiocruz, como em diferentes polos do Brasil; e à distância, para a pessoa poder entrar através do celular, computador, enfim, e participar da conferência neste dia 27 de maio, das 9h às 16h.

Na Fiocruz será na Escola Politécnica de Saúde. Vamos receber muitas pessoas. Queremos deixar claro que, embora seja uma conferência, a 17ª CNS, em julho - assim como as pré-conferências pelo Brasil - é totalmente aberta, assim como a nossa. Não é uma conferência acadêmica. É um encontro de pessoas no Brasil para discutir o rumo da saúde em nosso país.

A nossa conferência tem um diferencial de algumas que trabalham com temas similares, porque a nossa trabalha com a questão da pessoa idosa. Nos preocupamos muito com o futuro da pessoa idosa. Estamos querendo melhorar as condições de vida de nossas pessoas idosas. Mas ela também é aberta a todas as pessoas, sejam jovens, adultos, pessoas cuidadoras, gestoras, usuários do SUS, trabalhadoras, integrantes de movimentos sociais, indígenas, moradores de comunidade, do campo e da cidade, de todos os gêneros e raças. Por que chamamos a todos, todas e todes a participar desta Conferência? Porque queremos que seja discutido essa desigualdade existente no Brasil ao envelhecer.

Quem tem direito de envelhecer no Brasil? Por que a população branca tem quase 20 anos a mais da idade média de vida e, em geral, morre ao redor dos 60 anos? Por que a população indígena morre ao redor dos 40 anos? A gente quer discutir, em primeiro lugar, esse direito de envelhecer. Por que, por exemplo, a perda de direitos trabalhistas também afeta os jovens? Muitos jovens já relatam o medo de envelhecer, porque sabem que vão ter desamparo. Por que o desamparo social também é feito de expectativas dos jovens ao envelhecer?

E para organizarmos essa conferência no dia 27 de maio, estabelecemos um processo auto-organizativo, totalmente voluntariado, com apoio do Cebes, da Asfoc, Frente pela Vida e Fiocruz, através duas unidades: o ICICT e a Escola Politécnica. Então, essencialmente trabalhando com voluntariado e com pessoas sensíveis ao tema envelhecimento. Temos muitas pessoas que estão sofrendo agora o drama de cuidar de uma pessoa idosa num país em que ainda não tem uma política de cuidados nem apoio a pessoas cuidadoras.

Também temos pessoas e coletivos no país inteiro que conhecemos através dos últimos anos, e que trabalhamos, estudamos ou militamos pela causa do envelhecimento digno e com saúde. Também lutamos para que o SUS fortaleça essa luta. Muitas das pessoas que estão participando são conhecidas através de muitos encontros de colegiados, de movimentos sociais. Estamos trabalhando com polos, com pessoas de todo o Brasil. Polos são quaisquer pessoas que queiram abrir até a sua casa para tomar um café, chamar amigos, abrir o computador e se reunir para entrar na conferência.

Mas também queremos que a juventude ajude muito naquele lugar que nem todo mundo tem internet. Que a população idosa tenha acesso ao mundo digital. Possa ir, por exemplo, à praça pública próxima e ver se tem internet. Chamem as pessoas para se reunirem neste dia. Existe uma variedade, uma diversidade no território brasileiro para participar e criar polos.

A gente quer que essa pré-conferência seja deliberativa, eleger delegados que levem a nossa proposta. E para que ela seja deliberativa tem que cumprir a representatividade regional, estadual, que já temos, e atingir um número mínimo para eleger um delegado. Temos que ter cerca de 100 pessoas inscritas. Hoje temos quase mil e esperamos que todos participem.

Nosso coletivo também está apoiado pela Frente pela Vida. É importante também, porque é uma luta pela democracia, pela participação popular, importante para o Brasil. Uma demanda muita acentuada durante os últimos 4 anos de pandemia. Nós temos uma pandemia criada por um vírus, mas também criada por uma crise política seríssima de representatividade. Na pandemia nós sofremos, também, muito pela rejeição da população idosa, e tudo isso criou uma indignação ativa entre muitas pessoas. Nós queremos também um novo rumo do Brasil! Considerando o envelhecimento de uma pessoa idosa não com uma carga, com uma pessoa com muitas doenças. Queremos ser vistos tendo um papel ativo na sociedade, um papel importante quando se fala, por exemplo, em complexo econômico industrial, em atenção primária, contexto saudável, acesso à tecnologia, saúde digital. Em todos os temas têm que entrar a discussão de um envelhecimento digno e saudável. 

Asfoc – Qual a diferença da Conferência de Envelhecimento de outras que estão acontecendo no Brasil?

Propomos a falar sobre envelhecimento e consideramos um dos temas mais transversais. Todas as lutas passam pela discussão deste direito, o envelhecimento digno e saudável. Por isso, convidamos pessoas de outras conferências, como por exemplo, com deficiência a se unirem à nossa para falar sobre desigualdade, envelhecimento da pessoa com deficiência, o direito em comum, o direito que queremos conquistar, a luta que temos em comum a conquistar.

Quando falamos de conferências sobre racismo estrutural, população negra, também é importantíssimo, porque queremos que nossa conferência seja escutada como quais são as grandes desvantagens que temos em envelhecer em contextos de pobreza, de violência.

Também queremos que seja motivo de encontro de participantes das conferências sobre o direito do trabalhador, porque o direito à aposentadoria, a férias, o direito a cuidar de pessoas da família são importantes temas para a nossa conferência.

Nossa conferência é um ponto de encontro para, junto, lutar sobre o direito à vida e da continuidade, e também ao direito ao envelhecimento. Então, neste sentido convidamos a todas e todos a participar, seja na sua casa, seja em algum ponto de encontro. Podem entrar em nosso blog, onde há informações. Fazemos reunião semanais e informamos no blog também.

Vamos levar alguma pré-proposta para ser discutida e votada. E esperamos construir uma força que não acabe em julho, na conferência nacional, para continuarmos lutando por esse direito de envelhecimento digno e saudável.   

 

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