A Fundação Oswaldo Cruz realizou uma Mesa virtual em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência (11/02). Durante o debate nesta quinta-feira, quando também houve o lançamento do vídeo sobre a data, foi destacada a luta pelo direito à igualdade de gênero e raça na ciência.
A presidente da Asfoc-SN, Mychelle Alves, elogiou a iniciativa de criação do Projeto Mais Meninas na Ciência, em 2020. Ela lembrou que, como estudante negra, moradora de comunidade e estudante oriunda de escola pública, não teve a oportunidade de fazer contatos ou trocar experiências com pesquisadoras. Segundo ela, em função do “pouco acesso e recursos”, nem passava pela cabeça ser uma cientista, principalmente pela falta de representatividade. “Por isso, saúdo o movimento negro, o feminismo negro e a importância de lutar pela representatividade, pelo fato de tornar possível ser o que nós quisermos”.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou que o momento é para “pensarmos nas conquistas e nas reivindicações”, e “para falarmos nos obstáculos, nas dificuldades, porque é assim que temos um caminho mais consistente para esse trabalho em prol da equidade”. “As mulheres são historicamente marcadas por essas desigualdades, e isso aconteceu de diferentes formas na sociedade, ao longo do tempo”.
A coordenadora de divulgação científica (Vpeic), Cristina Araripe, ressaltou que o dia é de celebração e para continuar a lutar pelo direito à igualdade de gênero. Em sua fala, ela apresentou três dados de um estudo da OCDE, de 2018: um terço meninas não tem acesso à educação de qualidade; mulheres representam 33,3% da força de trabalho na pesquisa científica no mundo; e 12% das mulheres/cientistas participam de academias nacionais. “Em pleno 2021, depois de mais um século de lutas pelo direito, que começou com o voto feminino, ter o direito de ter acesso à educação, depois de tantas lutas tão importantes, nós ainda precisamos buscar inspirações para continuarmos lutando”.
Para a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, a data é, sobretudo, para chamar a atenção das desigualdades de gênero expressadas pela sociedade, inclusive no Brasil, e que também se manifestam de forma contundente na ciência. “Repercutem na possibilidade de inserção das meninas na ciência, na trajetória das mulheres cientistas, na possibilidade que elas têm de ascensão profissional nas diversas formas. Seja por várias dimensões das desigualdades que se entrelaçam: desigualdade de gênero entrelaçada com as de raça, de classe, de renda, seja por conta do machismo persistente e estrutural da sociedade, com uma série de estereótipos e barreiras colocadas às mulheres”.
Representante da coordenação colegiada do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, Marina Maria falou sobre o grande desafio de consolidar uma política institucional pró-equidade de gênero e raça, passando diretamente pela pauta de ter mais mulheres e meninas na ciência. “A necessidade de ter uma data como essa mostra o quanto temos muito ainda a percorrer para garantir mais equidade quando pensamos na formação e no desenvolvimento da trajetória e da sustentabilidade das carreiras das mulheres e das meninas trilhando este caminho como cientista”.
Representante de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG), Elisabeth Leite citou a frase da escritora e poeta feminista Rupi Kaur: Todas nós seguimos em frente quando percebemos como são fortes e admiráveis as mulheres à nossa volta. “E aqui vai minha admiração por ter várias mulheres fortes e admiráveis à minha volta desde a minha graduação até a minha pós”.
Após a realização do debate, houve também o lançamento do documentário “Mulheres da Fiocruz: Pioneiras”. O evento seguiu com a Mesa “Mulheres no enfrentamento da Covid-19 na Fiocruz” e a live “Projeto Meninas Negras na Ciência: o que você quer ser quando crescer?”.
Acesse o link para assistir ao primeiro debate do dia: https://www.youtube.com/watch?v=rxf87IYuw_g