Conteúdo exclusivo para servidores associados  do Sindicato

ASFOC

Acesso restrito

Asfoc manifesta seu descontentamento com as políticas públicas adotadas no enfrentamento aos efeitos das fortes chuvas no Rio de Janeiro

10/02/2023

O Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc-SN) manifesta seu descontentamento com as políticas públicas adotadas, ano após ano, por prefeitos e governadores no enfrentamento aos efeitos das fortes chuvas no Rio de Janeiro. No fim da tarde da última terça-feira (06/02), a cidade carioca foi assolada, mais uma vez, pelas consequências de um grande temporal, já característico do verão. O que se viu a partir daquele momento foram cenas que, infelizmente, se tornaram corriqueiras na história de nossa cidade: trabalhadores ilhados nas ruas, impedidos de retornarem para suas residências depois de mais um dia de trabalho; bolsões de água; inundações e deslizamentos de encostas que tragam pertences e vidas. Tudo isso afetando de maneira mais cruel e direta os segmentos sociais historicamente mais vulneráveis: moradores das favelas e morros cariocas, negros em sua maioria; crianças e idosos; população de rua, com nítido recorte de classe e raça.

Sendo este um fenômeno que se repete todos os anos, variando apenas em intensidade e extensão dos estragos e vidas perdidas, é possível acharmos que isso se dá apenas por conta de um fenômeno natural ao qual não podemos controlar em suas consequências? Essa parece ser a pergunta a ser respondida para que possamos superar esse ciclo de tragédias e perda de vidas. Temos que nos referir ao racismo ambiental, esse processo de discriminação que populações vulnerabilizadas e/ou marginalizadas compostas na sua maioria por negros sofrem com a degradação ambiental.

O processo de urbanização da cidade do Rio de Janeiro se deu de forma muita peculiar, com desvio de cursos de rios, fechamento de canais e rios, e um extenso processo de aterramentos do território carioca, com seus morros e rios que descem de suas encostas em direção ao mar e Baía de Guanabara ajudam a entender parte desse fenômeno. Também se destacam a ocupação deste território, ao menos desde o final do século XIX, com a canalização dos rios e a ocupação urbana de seus leitos alagadiços, os aterros nos mangues, mar e na Baía de Guanabara, a ocupação desordenada de diversas áreas pela falta de políticas habitacionais. Tudo isso contribuindo para entender o fenômeno em questão. Porém, todos esses elementos são de conhecimento das diversas autoridades públicas, em especial os prefeitos, que deveriam propor políticas públicas que mitigassem e superassem tal estado de coisas.

A cada grande chuva, com suas já descritas consequências, o prefeito de plantão na cidade do Rio de Janeiro vem a público lembrar que a quantidade de chuvas foi de tantos milímetros em curto espaço de tempo, significando em poucas horas o esperado de para um período muito maior. Falam de suas parcas ações que deveriam mitigar a questão, mas que são sempre insuficientes para realmente surtirem algum efeito. Culpam a população pelo excesso de lixo nas ruas, o que impediria o escoamento adequado das águas. Embora esses elementos possam compor o quadro mais geral, servem mesmo, na verdade, para justificar sua incompetência no real enfrentamento do problema.

A tudo isso se soma a crise climática que afeta o planeta e que vem causando mudanças dramáticas no clima em todo planeta. Uma dessas mudanças é a do regime das chuvas, com o aumento dos volumes concentrados em diversas regiões, como o que vem acontecendo em diversas regiões do país e particularmente na Região Sudeste. Com essas mudanças, aquilo que já era crítico em nossa cidade se torna ainda mais grave e as consequências potencialmente ainda mais trágicas.

É hora de pensar nas ações do poder público para enfrentar a questão com políticas de sustentabilidade que visem a segurança hídrica. Reconhecer que muito pouco foi feito de forma efetiva para enfrentar o problema. Que as autoridades municipais e estaduais se omitiram no enfrentamento da questão. Que a solução passa por políticas públicas efetivas em diversas áreas.

Em Assembleia Geral da Asfoc-SN na quinta-feira (09/02), trabalhadoras e trabalhadores da Fiocruz aprovaram, por unanimidade, a elaboração de um manifesto cobrando um posicionamento público das autoridades municipais e estaduais competentes, além da Fiocruz, sobre os avanços nas políticas públicas para o enfrentamento da questão.  

Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública - Asfoc-SN
Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de janeiro / RJ – CEP 21040-360
E-mail:secretaria@asfoc.fiocruz.br | jornalismo@asfoc.fiocruz.br
Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta das 08h às 17h.
Telefones: (21) 2598-4231 | 2290-7347 | 2290-6395 | 2564-5720