Conteúdo exclusivo para servidores associados  do Sindicato

ASFOC

Acesso restrito

Asfoc lamenta morte de Antônio Ivo

10/06/2021

A Asfoc lamenta profundamente a morte do ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) Antônio Ivo de Carvalho. O ex-diretor morreu nesta quinta-feira (10/06) após sofrer infarto, um dia após completar 71 anos. Ele deixa três filhos e três netos. Aos familiares e amigos, os profundos sentimentos da Diretoria do Sindicato.

Ano passado, o ex-diretor da Ensp foi homenageado pelo Sindicato com o Prêmio Sergio Arouca de Saúde e Cidadania. Na ocasião, falou sobre o papel fundamental da Asfoc no processo democrático, citou os 120 anos da Fiocruz e o desafio no enfrentamento da conjuntura desfavorável no País. “Nunca imaginamos que pudéssemos chegar de novo a esse momento depois de tantas lutas contra o autoritarismo no passado. Vida longa à Asfoc! Vida longa à Fiocruz! Vida longa ao SUS!”, desejou.

Na entrega virtual da homenagem, o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão reconheceu a brilhante carreira do ex-diretor da Ensp, “com grandes contribuições à saúde brasileira e o merecidíssimo Prêmio Sergio Arouca para o meu amigo Antônio Ivo de Carvalho”.

MEMORIAL:

Antônio Ivo de Carvalho nasceu na cidade de Rio de Janeiro em 9 de junho de 1950, filho de João Baptista de Carvalho e Belmira Fernandes de Carvalho. Atualmente era Coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (CEE), vinculado à Presidência da Fundação.

Formou-se pela Faculdade de Medicina da UFRJ, no ano de 1974, tendo cursado a Residência Médica em Doenças Infecciosa e Parasitárias em 1975 e 76 na Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro no Hospital São Sebastião.

A partir de 1975, recém-formado, montou e coordenou o Programa de Saúde Materno Infantil da Diocese de Nova Iguaçu, a convite de Dom Adriano Hipólito, bispo diocesano que havia convidado um pequeno grupo de médicos para organizar um trabalho de medicina comunitária que envolvesse a educação e conscientização da população pobre da Baixada Fluminense. Ao longo de cerca de oito anos, esse programa desenvolveu-se como uma rede de cerca de trinta postos de saúde organizando a atenção básica e numerosos grupos de educação popular.

No final da década 70, como técnico da FASE - Federação dos Órgãos de Assistência Social e Educacional, prestou assessoria pedagógica a diversos grupos de educação popular em todo o país. A partir de 1979, assumiu a coordenação editorial da revista Proposta, editada pela FASE e devotada à discussão conceitual e difusão de experiências de educação e saúde comunitária em curso no país.

Em 1982, assumiu a Secretaria Municipal de Saúde de São João de Meriti, município da Baixada Fluminense, que adotou o modelo da rede de postos comunitários de saúde.

Ao longo desse tempo, trabalhou como pesquisador associado do Programa de Estudos Sociais de Saúde - PESES, criado na Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, sob a coordenação de Sergio Arouca, com apoio financeiro da FINEP. O programa acompanhou e avaliou, durante vários anos, as diversas experiências de medicina
comunitária em andamento no país.

A partir de 1983, integrou a equipe de planejamento do Instituto Nacional do Câncer (CNCC), participando das inciativas de montagem do Sistema Nacional de Câncer do país. Com a Nova República, em 1985, foi requisitado para a Fundação Oswaldo Cruz, passando a compor a assessoria da Presidência e, em especial, a representação do Ministério da Saúde nos coletivos das Ações Integradas de Saúde (AIS) no Estado do Rio de Janeiro e conduziu a articulação e integração das unidades do Ministério no RJ.

Participou da assessoria da Comissão Organizadora da VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e posteriormente da Comissão Nacional da Reforma Sanitária.

Após a eleições de 1987, foi nomeado subsecretário de Estado de Saúde, ficando responsável pela coordenação assistencial da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e pelo processo de municipalização acelerada, no bojo do processo de implantação do SUDS e, em seguida, do SUS. Em especial, participou da criação e em seguida da coordenação do Programa Especial de Saúde da Baixada Fluminense (PESB), voltado para suprir a carência assistencial dos municípios daquela região, envolvendo cerca de 3 milhões de pessoas, com a construção de 14 unidades assistenciais, todas concebidas num novo modelo assistencial, cada uma com um perfil tecnológico, concebido para o atendimento 24horas por dia, equipadas e com pessoal para atendimento básico, ambulatorial e de emergência.

Nesse cargo, coordenou também o Programa Estadual de Sangue e assumiu a representação do Rio de Janeiro no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde – CONASS. Dirigiu a criação da primeira central de Atendimento Hospitalar no estado, sobretudo na epidemia de Leptospirose e, posteriormente, no atendimento a pacientes HIV positivos sintomáticos.

RETORNANDO À ENSP-FIOCRUZ

Em 1991, passou a integrar o Núcleo de Estudos Político Sociais de Saúde – NUPES - no âmbito do Departamento de Administração e Planejamento de Saúde, onde participou de diversas pesquisas e coordenou o projeto Análise de Conjuntura em Saúde, que estudou a composição e as relações entre os diversos atores e arenas relevantes no campo da saúde.

Em 1994, foi titulado Mestre em Ciências pela Fiocruz, no programa de Saúde Pública da ENSP, com a dissertação Conselhos de Saúde no Brasil, que resultou na publicação de livro dois anos depois.

Ao longo dos anos 90, assumiu a coordenação do NUPES, tendo participado de diversas pesquisas, entre as quais: 'Municipalização da Saúde no Brasil – Perfil dos Gestores Municipais' e 'Da saúde pública às políticas saudáveis: saúde na pós-modernidade'.

Nesse período, foi consultor do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM - onde orientou a implantação de políticas e ações de saúde em dezenas de municípios brasileiros, à luz dos preceitos do SUS, além de coordenar a formação de pessoal para o exercício das novas atribuições dos dirigentes municipais no campo da saúde.

Em 1998, criou na ENSP o Programa de Educação a Distância – EAD. Tal iniciativa constituiu-se numa grande inovação pedagógica no ensino da instituição que, difundindo-se rapidamente para outras instituições no campo da saúde pública, criou as bases para a constituição de redes nacionais de formação para o SUS. Em poucos anos, a rede de egressos somava mais de 60 mil profissionais em todo o território nacional e em cerca de 40% dos municípios brasileiros.

Em 2001, foi eleito vice-diretor da ENSP e, em 2005, foi eleito para dois mandatos consecutivos como Diretor da ENSP. Permaneceu nesse cargo até 2013.

Ainda como vice-diretor da ENSP, criou a Escola de Governo em Saúde, procedendo a uma ampla reforma do ensino e da pesquisa na ENSP visando ampliar a contribuição da Escola à qualidade do processo de governança em saúde no âmbito do SUS.

A convite da OPAS, fez parte do grupo executivo que criou o Campus Virtual de Saúde Pública, que oferta cursos a distância para os países da América Latina. Também organizou no Brasil a Rede de Escolas e Centros de Saúde Pública, reunindo cerca de 40 instituições nos estados brasileiros, na perspectiva de desenvolver um Sistema Único de Formação para o SUS, regionalizando e articulando a oferta de cursos no país, atendendo a diversidade das regiões do país. No plano internacional, representou a Fiocruz e o Brasil no colegiado de formação da UNASUL (AL) e da CPLP (África).

A partir de 2014, passou a coordenar o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, vinculado à Presidência. O CEE desenvolve atividades de prospecção social e tecnológica, assim como pesquisas de opinião pública e percepção a respeito de políticas públicas.

Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública - Asfoc-SN
Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de janeiro / RJ – CEP 21040-360
E-mail:secretaria@asfoc.fiocruz.br | jornalismo@asfoc.fiocruz.br
Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta das 08h às 17h.
Telefones: (21) 2598-4231 | 2290-7347 | 2290-6395 | 2564-5720