A Asfoc-SN promoveu nesta terça-feira (22/09) mais dois importantes debates durante o V Fórum das Regionais: “Carreira de C&T e suas instituições”, com o mestre em Política Social e responsável pelo Arquivo de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), José Benito Yarritu Abellas; e “O processo de desmonte do Inpe”, com o pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e diretor de Comunicações do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT), Acioli Cancellier de Olivo.
Durante o evento virtual, o presidente do Sindicato, Paulo Garrido, afirmou que a agenda da semana “faz parte de um processo de construção e mobilização em defesa do serviço público e de valorização dos servidores”. Paulinho convocou todos a participarem do Dia Nacional em Defesa dos Serviços Públicos, em 30 de setembro, e do Dia de Luta contra as Privatizações das Estatais, em 3 de outubro.
Apresentando e mediando o debate, a vice-presidente Mychelle Alves ressaltou o quanto a ciência tem sido atacada pelo atual governo. Ela também relembrou sobre a luta do Sindicato e do funcionalismo público federal contra a aprovação da Emenda Constitucional 95. “Ainda era PEC 241. A gente sabia o quanto ia ser custoso não só para os servidores públicos, mas principalmente para a população. Não temos concurso público e não há investimentos, tudo por conta desta famigerada EC 95, que a gente luta pela revogação até hoje”.
Na abertura do primeiro painel, José Benito Yarritu Abellas ressaltou o simbolismo da Asfoc e da Fiocruz. “São referências de instituições, pelo modelo de democracia”. Para ele, a grande ameaça do governo Federal não é em relação aos ataques aos serviços públicos, mas ao modelo de Estado. “Estamos, tragicamente, entre escolhas: barbárie e civilidade, empatia e egoísmo. Isso se reflete no que está sendo feito hoje no serviço público”, frisou.
José Benito falou também sobre os problemas históricos enfrentados pelas carreiras de C&T, em especial a partir de 2017: cortes de investimento, falta de concursos e precarização das bolsas. Agregando-se a isso, mais recentemente e de maneira mais incisiva, a falta de democracia do atual governo. De acordo com ele, é preciso reafirmar o papel da ciência e da tecnologia, que estão sob forte ataque.
“Eles não estão preocupados em destruir o serviço público. Querem capturar o serviço público e vender. A base maior do serviço público é oferecer serviços à sociedade, ser instrumento de melhoria da vida, da cidadania, da coletividade. E isso vai acabar! Ninguém vai ser poupado na Reforma Administrativa. (...) O governo, que tem uma pauta ultraliberal, recheado de autoritarismo e que chamo de ‘protofascismo’, nega a verdade, usa a truculência como instrumento, nega a ciência. Defender as carreiras de C&T é defender o serviço público”.
Acioli Cancellier de Olivo destacou os ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao Inpe. “O governo persegue o Ibama, assim como o Inpe, o IBGE e como tentou perseguir a Fiocruz”.
Num destes ataques, o general Mourão acusou o Inpe de divulgar dados sobre queimadas no Brasil por um opositor do governo no instituto. O ex-diretor do Inpe Gilberto Câmara rebateu o vice-presidente da República numa rede social: “Bom dia, @GeneralMourao. Primeiro: não faço oposição ao governo, defendo o Brasil tanto quanto você. Segundo: não trabalho mais no Inpe. Terceiro: em ciência, quem tem cinco estrelas sou eu”, escreveu no Twitter.
“A frase resume aquilo que nós, do sindicato, entendemos que todos estamos em defesa do serviço público e das instituições públicas há mais de 30 anos. Defender nossas instituições contra todos os ataques é o nosso objetivo”, finalizou.
PROGRAMAÇÃO DO TERCEIRO DIA - Confira a programação desta quarta-feira (23/09) do V Fórum das Regionais: Painel “Reforma Administrativa”, às 10 horas, com o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Klass, e a economista e presidente da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), Roseli Faria.
Clique no link ao lado e assista ao debate na íntegra: https://www.facebook.com/watch/?v=2723755127953245&extid=xzVVwl4XuB9PRDdN