Home
> Publicações
> Jornal
[março/abril de 2000]
Campanha
Salarial
Paralisação e ato Público no
dia 25 de abril
O
Fórum de C&T definiu que terça-feira, 25 de abril, será
o Dia Nacional em Defesa da Ciência & Tecnologia, do Plano
de Carreira e de Salários Dignos, com paralisação e ato público
nacional na Fiocruz.
A manifestação acontecerá acontecerá a partir
das 13 horas e contará com a presença de servidores de todas
as instituições públicas de C&T integrantes do Plano de
Carreira, que virão em caravana até o Castelo Mourisco.
Com este ato, o Fórum de C&T pretende dar
visibilidade ao movimento e conquistar o apoio da opinião
pública para a árdua batalha que vem sendo travada com o Governo,
na busca do reconhecimento da carreira como Exclusiva de Estado,
da melhoria salarial através da elevação da GDCT e do aumento
de 50% na tabela salarial.
Editorial
Coluna Jurídica
Garotinho interrompe
projeto de segurança
Expediente
Campanha Salarial
Traduzindo o economês
A Fiocruz na passarela do samba
Espaço Unifoc
Febre Amarela
EDITORIAL
A festa
dos 500 anos
E os "barrados no baile"?
Por
mais que esteja sendo embalada pelo ôba-ôba da grande mídia,
do Governo e dos marketeiros, é patente que o conjunto da
sociedade brasileira resiste em abraçar a "festa"
dos chamados "500 anos do descobrimento" do Brasil
nos moldes em que a comemoração lhe está sendo proposta. Motivos
de desconfiança e de resistência a comemorar não lhe faltam.
Nestes 500 anos, o Brasil tem sido marcado por
repetidos projetos de dominação que em cinco séculos (com
pequenas diferenciações de forma) se caracterizam pela imposição
das lógicas concebidas pelas grandes potências, que nos impuseram
regras que invariavelmente trouxeram como conseqüência a apropriação
de poucos da riqueza aqui produzida .
Este modelo faz com que em pleno ano 2000 sejamos
obrigados a integrar de forma submissa o chamado processo
de globalização, tendo como resultado a renúncia à nossa soberania,
a aceitação da competitividade desigual, a recessão econômica,
a convivência com o desemprego, a manutenção da pobreza de
nossa gente, a insegurança e a violência. Como se para fazermos
parte deste mundo globalizado fosse necessário sermos submissos
e nos conformarmos com o destino dos que "nasceram pobres
e deverão morrer pobres", renunciando ao direito de construir
uma nação socialmente justa.
Ao invés disso, o País se move quase que exclusivamente
na busca do chamado "equilíbrio fiscal", "ajuste
econômico" ou "controle do déficit", palavrões
que escondem a vergonhosa expropriação de recursos para os
países desenvolvidos, seja através da remessa de lucros, juros
extorsivos ou a pura e simples super-exploração de nossa mão-de-obra,
dos recursos naturais e da "moderna" fórmula dos
incentivos fiscais oferecidos às empresas multinacionais que
aqui se instalam.
Este modelo de submissão (consubstanciados nos
acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional - FMI)
estabelecem metas cujo objetivo central é gerar recursos para
pagar uma dívida feita pelos governos ditatoriais de décadas
atrás que não representavam os interesses do País (e nossos
credores sabiam disso), sobre a qual estão sendo fixados juros
extorsivos e espúrios que já chegaram a 39% ao ano, valores
absolutamente estapafúrdios se comparados aos cobrados a países
que apresentam riscos similares aos do Brasil.
Estas taxas abusivas fazem com que todos os
brasileiros hoje sejam responsáveis por uma dívida pública
interna de 500 bilhões de reais e externa de 240 bilhões de
dólares, quantias sabidamente impagáveis, que nada mais são
que instrumentos para a manutenção do atual modelo de endividamento.
Se
há 500 anos o formato desta exploração econômica se dava através
das riquezas minerais, hoje a condição imposta para participarmos
da "festa" da globalização é a desestruturação do
Estado e a privatização a preço de nabo e com financiamento
estatal das empresas construídas com recursos públicos durante
décadas, desorganizando nosso parque industrial e deixando
a sociedade brasileira a mercê da formação não regulada de
oligopólios e monopólios privados em áreas essenciais como
telecomunicações, energia, transporte, siderurgia, portos
e outras, todas determinantes de nosso desenvolvimento futuro.
Da promessa de se transformar numa potência industrial na
virada do milênio, o Brasil amarga hoje a desnacionalização
de sua indústria, a recessão, o desemprego causador da miséria,
da violência e da degradação do que ainda resta de estrutura
social organizada.
Após 500 anos, a politica de desenvolvimento
do País é ditada pelos acordos e consensos determinados pelo
FMI, entidade que representa os grandes conglomerados industriais
e financeiros que se fundem a cada dia, numa onda de concentração
de renda e poder jamais vista na história do planeta.
Os séculos passam e os países periféricos como
o Brasil estão cada vez mais pobres e dependentes, nossas
sociedades mais injustas, mais desiguais e cada vez é maior
a distância que nos separa dos países desenvolvidos. A Internet
e as transmissões por satélite, longe de esconder estas diferenças,
as tornam ainda mais claras e inaceitáveis.
Mas não podemos nos enganar, responsabilizando
exclusivamente as "potências estrangeiras", as "multinacionais"
e "o FMI" por todas as mazelas que marcam estes
cinco séculos. A irresponsabilidade de nossas elites e sua
opção por construir uma Nação desigual (marcada pela corrupção
e pelo uso do grande potencial arrecadador do Estado em benefício
de uma parcela mínima da população, que se apropriou praticamente
sozinha dos frutos da acumulação econômica) ajudam a explicar
os baixos níveis de investimentos em educação, saúde, cultura
e desenvolvimento social que marcam nossa história.
Encasteladas
nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, estas elites
se aferram ao status quo construído nestes 500 anos e salvo
raras exceções (em geral produto do clamor e da organização
popular) fazem da impunidade sua regra de conduta, trocando
benefícios entre si e transformando a "independência
entre os poderes" em moeda de troca em benefício próprio.
Este quadro ajuda a entender o ceticismo e o
distanciamento de grandes parcelas da sociedade das "comemorações"
dos 500 anos de Brasil, marcados pelo desemprego recorde de
nossa mão-de-obra economicamente ativa (de cada cinco brasileiros,
um está desempregado) e da precarização das relações de trabalho
daqueles que ainda conseguem se inserir no mercado. Dos 160
milhões de brasileiros, cerca de 44% sobrevivem com menos
de dois dólares de renda diária; 17% da população acima dos
17 anos é analfabeta; nossa população trabalhadora tem em
média apenas três anos de estudo escolar e segundo dados do
Banco Mundial, em nenhum outro país os 10% mais ricos são
tão ricos, concentrando 48% de toda a renda nacional.
Mas nestes 500 anos, a sociedade organizada
- e em particular os trabalhadores - demonstraram em diversas
oportunidades enorme capacidade de construir um modelo alternativo
de desenvolvimento para o País, marcado pela soberania e pela
busca de melhoria das condições de vida de nosso povo.
Apenas
para citar algumas destas manifestações mais representativas,
a campanha do "Petróleo é Nosso" que levou à criação
da Petrobrás, a entrada do Brasil na segunda guerra mundial
contra as forças nazi-fascistas, a campanha pelas reformas
de base, a luta por liberdades democráticas contra a ditadura
militar que se instaurou em 1964, a convocação da Constituinte,
as eleições diretas em todos os níveis e o impeachment de
Collor foram demonstrações massivas e objetivas de que a sociedade
brasileira não só quer como tem a capacidade de desenhar um
futuro mais próspero. Em todas estas ocasiões, o sentimento
que mobilizou milhões de brasileiros foi o de uma Nação mais
justa, igualitária e sem exclusão.
Olhando o Brasil por esta ótica (distinta do
colorido predominante nas propagandas da TV), dá para entender
a frieza de grande parte da sociedade frente à comemoração
dos 500 anos de Brasil, já que neste "baile" a maioria
ficou de fora, tendo a porta batida na cara.
A Diretoria
Retorna
COLUNA JURÍDICA
MP inconstitucional restringe
poder de sindicatos e associações
Bem ao estilo de FHC e sua equipe, o Governo
vem tentando, na surdina, enfraquecer o poder de atuação judicial
de sindicato e associações. Criada em janeiro de 1999, a Medida
Provisória (MP) nº 1.984-16, que trata, entre outros assuntos,
das regras para a propositura de ações coletivas contra a
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, vem sendo reeditada
mensalmente e recebendo emendas que acabam por prejudicar
os trabalhadores
Embora o artigo 8º da Constituição Federal determine
que os sindicatos têm legitimidade para atuar em defesa do
servidor de forma coletiva, a MP passa a exigir a sindicalização
do trabalhador, a assinatura de uma autorização de representação
individual e, para cada ação judicial, uma ata aprovada em
Assembléia de servidores. Outra armadilha do documento é limitar
a decisão do Juiz ao
Município onde ele atua. Ou seja, a sentença
abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da entrada
da ação, domicílio no mesmo território do órgão prolator.
Tantas exigências somente retardam ainda mais o julgamento.
Ações genéricas agilizam
o processo
Prevendo esta situação, a Assessoria Jurídica
da ASFOC elaborou as "autorizações genéricas" que
vêm sendo assinadas pelos associados no últimos cinco meses.
Parte do masterial já será usado para atender ao Juiz que
está julgando o pedido de liminar contra o desconto do PSSS
do 13º salário, impetrado pela ASFOC na primeira semana de
janeiro deste ano.
OS SERVIDORES QUE NÃO ASSINARAM O DOCUMENTO
DEVEM FAZÊ-LO, COM MÁXIMA URGÊNCIA, NA SEDE DA ASFOC.
Garanta a cobertura
do seu seguro de vida
Atenção segurado!
É imprescindível que, a cada mês, você confira
em seu contracheque se o desconto relativo ao seguro de vida
foi realmente efetuado. A ASFOC tem sido informada sobre casos
em que o segurado atingiu a margem consignável dos 30% de
desconto permitidos por lei e, com isso, não teve computada
a taxa do seguro de vida no contracheque. Quando isso acontece,
o segurado fica automaticamente descoberto das garantias do
seguro.
OS SEGURADOS QUE ESTIVEREM NESTA SITUAÇÃO DEVEM
PROCURAR
IMEDIATAMENTE A ASSOCIAÇÃO PARA REGULARIZAR O PAGAMENTO.
Retorna
Garotinho se rende à
"banda podre" e interrompe projeto de segurança pública
|
Exiladas
"modernas": esposa e filhas de Luiz Eduardo
Soares vão ao encontro do sociólogo nos Estados Unidos |
Há semanas acompanhamos as denúncias do ex-Coordenador
de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado, Luiz Eduardo
Soares, sobre os crimes bárbaros cometidos pela cúpula da
polícia do Rio de Janeiro. Foram ao todo 952 acusações contra
a Polícia Militar e 643 contra a Civil. Sua demissão, anunciada
pela televisão pelo Governado Anthony Garotinho, seguida da
saída às pressas do país, deixou na população o gosto amargo
da impotência e impunidade.
Como é hábito da imprensa, o assunto vem sendo
teatralizado como uma batalha entre o Bem (encarnado pelo
sociólogo-D. Quixote) e o Mal (a Banda Podre da polícia).
O mais grave, entretanto, é que no meio deste fogo cruzado
estão milhares de cidadãos confusos, sem saber a quem recorrer
para sua proteção.
A demissão de Luiz Eduardo interrompe a reformulação
da Política de Segurança no Rio e demonstra que o Governador
virou refém da corrupção e da violência policial. Sob os ombros
do ex-Coordenador de Segurança pesava a difícil tarefa de
aparelhar as delegacias, construir novas unidades e casas
de custódia, criar Conselhos de Segurança Pública, capacitar
o efetivo policial e, o mais fundamental, incutir em uma corporação
já tão viciada a filosofia de uma polícia qualificada profissionalmente
e comprometida com o cidadão. Infelizmente, as resistências
da "banda podre" foram muitas e pouco do projeto
de reformulação da segurança pública saiu do papel.
O empenho e a seriedade que marcaram a passagem
de Luiz Eduardo Soares pela Coordenação de Segurança foram
constatados não apenas em sua luta para cumprir os compromissos
assumidos durante a campanha eleitoral de Anthony Garotinho,
mas no julgamento de casos pontuais de violência cometidos
por policiais contra a população. Graças à sua intervenção
justa e corajosa, o Estado o reconheceu sua culpa no desaparecimento
de Jorge Careli. O acordo de indenização assinado com a família
marcou o início da mudança na política de "Direitos Humanos"
do Governo do Estado.
Segundo Luiz Eduardo, a divergência entre ele
e Garotinho se resume a um "detalhe". Enquanto o
ex-Coordenador optou por extirpar a "banda podre"
da polícia, o Governador acha possível submetê-la.
Retorna
Expediente
Diretoria da ASFOC
Álvaro Nascimento Diretor Geral
Rita Mattos Vice-Diretora
Leila Mello Diretora Secretária
Alex Molinaro Diretor Administrativo
Vânia Buchmuller Diretora Sócio-Cultural
Jorge Castro Diretor de Assistência
Mario Homem (Marinho) Diretor de Esportes
SUPLENTES
Rogério Valls de Souza
Else Bartholdy Gribel
Cristiane Moneró
Julio Bandeira de Melo
Nilma Valéria Ferreira
José Mendes Ribeiro
Marilene F. Costa
CONSELHO FISCAL
Antonio Vitor Labre
Justa H. Braga Franco
Maria do Carmo Miranda
Ana Beatriz Almeida
Lúcia Helena da Silva
DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
Tels: (21) 290-7347 598-4231
Editora: Simone Beja (Mtb 17664)
Repórter: Gustavo de Carvalho
Programacão Visual: Flávio Tavares
Impressão
Gráfica Folha Dirigida
As informações
contidas nos artigos assinados
e informes publicitários publicados são de inteira
responsabilidade de seus autores. |
Retorna
Campanha $alarial:
ato público
com paralisação
em defesa da C&T
A terça-feira, 25 de abril,
será o DIA NACIONAL EM DEFESA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DO
PLANO DE CARREIRAS E DE SALÁRIOS DIGNOS. A decisão foi tomada
na última reunião do Fórum de C&T, em Brasília, e prevê
para a data uma paralisação das atividades de todas as Instituições
de C&T do Brasil e ato público nacional centralizado NA
FIOCRUZ.
O evento será um importante
termômetro para medir o grau de mobilização dos 33 mil servidores
da carreira. Com esta estratégia, que terá divulgação na imprensa,
o Fórum de C&T pretende dar visibilidade ao movimento
e conquistar o apoio da opinião pública para a árdua batalha
que vem sendo travada com o Governo, na busca do reconhecimento
da carreira como Exclusiva de Estado e na melhoria salarial
através da elevação da GDCT e do aumento de 50% na tabela
salarial.
A manifestação na Fiocruz
acontecerá das 13 às 16 horas e contará com a presença de
servidores de todas as instituições de C&T nacionais.
Eles virão em caravanas para a Fundação mostrar à comunidade
a importância do trabalho realizado pela área de Ciência e
Tecnologia.
Fórum
de C&T e
Ministérios discutem |
melhorias
salariais
para a carreira |
No início de março, sem
qualquer discussão com os dirigentes das 23 instituições que
integram o Plano de Carreiras da Área de C&T, o Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT) encaminhou ao Ministério de
Planejamento, Orçamento e Gestão (MOG) uma proposta de Medida
Provisória (MP) alterando a estrutura de salários prevista
na Lei 8691/93, que institui o Plano de carreira.
A atitude do MCT rompeu
com um acordo assumido, no final de 99, pelo Secretário Executivo,
Carlos Américo Pacheco e o Sub-secretário de Assuntos Administrativos
do MCT, Edmundo Taveira, de discutir previamente qualquer
projeto de reajuste salarial na carreira.
Segundo o Fórum de C&T,
a proposta da MP era discriminatória, porque previa aumentos
que beneficiariam apenas uma parcela dos servidores e ilegal,
já que propunha a transposição dos que estão no topo da tabela
salarial para o meio de uma nova tabela.
As reações contra o procedimento
arbitrário do MCT surgiram por todos os lados. Na Fiocruz,
a Diretoria da ASFOC solicitou a intervenção da Presidência,
no sentido de fazer com que o MCT ampliasse o debate, impedindo
que a nova tabela salarial cometesse injustiças.
Governo
aprova Grupo
de Trabalho isolado |
Confirmando as informações
passadas por Carlos Pacheco durante as reuniões com o Fórum
C&T, no mês de março em Brasília, O Presidente Fernando
Henrique Cardoso aprovou , no dia 3 de abril, a proposta encaminhada
pelos Ministros Ronaldo Sardenberg (MCT) e Martus Tavares
( MOG) para a formação de um Grupo de Trabalho Interministerial
(GTI), composto apenas pelos dois ministérios, com a finalidade
de "analisar a situação do PLano de Carreiras de C&T
e propor alternativas à revitalização dos Institutos Federais
de Pesquisa".
Secretário
aceita fórum
paralelo de discussão |
Indignado com a maneira
como os ministérios vêm tratando as questões relativas ao
futuro da C& T e prevendo a falta de diálogo deste GTI
com o Conselho do Plano de Carreiras (CPC), que tem a competência
legal de propor modificações para a carreira, o Fórum de C&T
aumentou a pressão junto às autoridades ministeriais buscando
participar ativamente do processo de negociação.
Como resultado desta estratégia,o
secretário Carlos Pacheco propôs a criação, em paralelo, de
um Fórum interno, coordenado pelo MCT, que terá a participação
de três dirigentes representantes daquele ministério, três
representantes de instituições externas ao MCT e três do Fórum
de C&T.
Durante a última reunião com os representantes
dos servidores de C&T ficou definido que os três participantes
do Fórum Paralelo serão Álvaro Nascimento (ASFOC), Francisco
Pereira (Associação do CNPq) e Gilberto Barata (Afinpi).
Reajuste de 50%
na tabela salarial;
Elevação da GDCT ao nível das demais carreiras;
Fim da exigência da Dedicação Exclusiva para
recebera a GDCT;
Defesa do Plano de Carreira;
GDCT para nível auxiliar.
|
C&T
exclusiva de Estado |
abre caminho para elevar GDCT |
O Plenário do Senado aprovou,
no dia 12 de abril, por 59 votos favoráveis, nove contrários
e duas abstenções, o PL 43/99 que "disciplina a perda
do cargo público por insuficiência de desempenho do servidor
público estável", definindo em seu artigo 15 as carreiras
exclusivas de Estado. A pressão das entidades reunidas no
Fórum de C&T, do qual a ASFOC participa, garantiu a inclusão
de todos os cargos de nível superior e intermediário, ficando
fora, apesar de todos os esforços em contrário, os servidores
de nível auxiliar da carreira de C&T.
Por pressão dos setores
organizados do movimento sindical, três novas alterações foram
incluídas no PLC aprovado pelo Senado. Entre elas está a emenda
do Senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que cria dificuldades
para demissões, na medida em que permite ao servidor avaliado
com desempenho insuficiente um recurso a uma instância superior,
com efeito suspensivo da deliberação anterior.
O próximo passo será a
votação na Câmara dos Deputados, que analisará as modificações
efetivadas pelo Senado Federal. Uma vez aprovado na Câmara,
o PLC será enviado ao Presidente da República, que poderá
sancionar ou vetar (no todo ou em parte) o texto.
A aprovação do PLC com
as alterações propostas pelos sindicatos não agradou o Governo,
que considerou rompido o acordo que viabilizou a inclusão
da Ciência e Tecnologia e de outros setores no artigo 15 do
Projeto.
Diante desse fato, a entidades
do Fórum entenderam que é fundamental a manutenção da unidade
e mobilização dos servidores de C%T para que a negociação
na Câmara dos Deputados se realize de forma a garantir a vitória
conquistada no Senado Federal após quase um ano de luta.
Um
passo importante para a equiparação da GDCT |
A definição da carreira
de C&T como exclusiva de estado, apesar de não trazer
benefícios salariais imediatos, é fundamental para a conquista
dos pontos pendentes da GDCT, que incluem a elevação de seus
valores ao nível das demais carreiras exclusivas, o fim da
exigência da Dedicação Exclusiva (DE) e sua extensão para
o Nível Auxiliar.
No
momento em que o Fórum de C&T consegue voz ativa
nas discussões com o Governo, é preciso mostrar mobilização!
Todos ao ato público no dia 25 de abril, na
Fiocruz. |
|
Participe!
No dia 25 de abril você vai defender
a Ciência & Tecnologia A SERVIÇO DA
SOCIEDADE COM SALÁRIOS DÍGNOS |
Servidores
exigem
reajuste de 63,68% |
para
repôr seis anos de inflação |
Em meio às discussões
sobre o aumento do salário mínimo e a definição do teto salarial
dos servidores, sindicalistas ligados à CUT e a algumas entidades
representativas do funcionalismo lançaram, no início de março,
uma campanha para o aumento salarial da categoria. Na avaliação
dos sindicalistas, o governo fechou canais de negociação e
mais uma vez ignorou a data-base, que tradicionalmente era
o dia 1º de janeiro. Com isso, a categoria pode "comemorar"
o aniversário de seis anos sem aumento se mobilizando, com
o objetivo de recuperar pelo menos as perdas inflacionárias
deste período.
Mesmo sem ainda ter alcançado
os locais de trabalho de forma organizada, a mobilização já
encontrou ressonância na imprensa e no Congresso. Já existe
uma Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público, que tem
na liderança o Dep. Walter Pinheiro (PT/BA) e reúne outros
parlamentares sobretudo do próprio PT e de outros partidos
de oposição, como o PDT e o PSB, que já apóiam as lutas dos
servidores. Até políticos de partidos da base governista,
como o PMDB e o PSDB, têm manifestado apoio aos servidores.
O Senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), por exemplo, fez um longo
discurso no plenário defendendo que a discussão do teto fique
para depois da concessão de um reajuste geral para o funcionalismo.
As entidades representativas
dos servidores realizaram um ato no Congresso, dia 30 de março,
com a entrega de um abaixo-assinado reafirmando as reivindicações
dos servidores: reajuste de 63,68%, garantia da estabilidade,
data-base em 1º de maio, definição de uma política salarial
do governo e garantia de um serviço público de qualidade para
a população. Os sindicalistas querem também que a Comissão
Especial do Salário Mínimo se transforme numa Comissão Geral
de Salários, para incluir os servidores na discussão.
A luta por um reajuste
que contemple todos os servidores promete ser muito árdua,
pois o governo FHC, que ao longo desses anos já suprimiu mais
de 50 direitos e vantagens da categoria, não incluiu no Orçamento
Geral da União do ano 2000 nenhuma rubrica relativa ao reajuste.
Em nota do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
divulgada no início de fevereiro, o governo federal deixou
isso ainda mais claro, ao afirmar que "não está em estudo
proposta de revisão geral de salários na administração direta
e indireta federal".
A nota esclarece que existem
estudos preliminares para uma remuneração diferenciada dentro
do serviço público, mas que eles seguem a mesma política salarial
existente desde de 1995. Diz a nota que os estudos em execução
têm como objetivo apenas avaliar as seguintes questões: a
adequação dos salários de algumas carreiras em comparação
aos níveis salariais do mercado, as diferenças e distorções
entre as carreiras do serviço público, além da possibilidade
de adoção de mecanismos de remuneração variável com base no
desempenho de cada servidor e instituição.
A "política salarial"
existente desde 1995 é a que tornou mais aguda a destruição
do serviço público, privatizando, desregulamentando e terceirizando.
Tudo isso para se adequar ao modelo do Estado mínimo defendido
pelo capitalismo internacional para países dependentes como
o Brasil, enquanto nos países dominantes a receita não é aplicada
ao pé da letra (ver quadro comparativo).
Número
de Servidores
em diversos países |
(por
mil habitantes) |
Reino Unido |
91,4
|
Itália |
65
|
Espanha |
53,4
|
França |
46,4
|
EUA |
32
|
Brasil |
8,9
|
Para o economista Carlos
Lessa, citado em artigo do Jornal do SINTUFRJ, a relação entre
o servidor e o Estado é diferente da relação do trabalhador
comum com o patrão. "O governo não é patrão dos funcionários,
é um delegado da sociedade para administrar o aparelho público.
Quem emprega é a sociedade", afirma Lessa. Para ele,
é o servidor que garante a continuidade administrativa frente
à alternância dos governantes e aceitar a destruição do servidor
público é abrir espaço ao autoritarismo. "Se o governante
tem o poder de demitir, tem o poder de intimidar", diz
o economista.
Definição
do teto e do piso salarial
transformada em leilão
A discussão em torno da questão salarial do
funcionalismo público e do salário mínimo tem ocupado as manchetes
da grande mídia. Para quem recebe salários mais altos, acena-se
com a possibilidade de um "duplex", já quem tenta
sobreviver com o salário mínimo, vai ter que se contentar
com um "puxadinho".
Nos últimos lances do verdadeiro leilão em que
esta discussão se transformou, o governo reafirmou a decisão
de que além do teto de R$ 11,5 mil ainda pode haver o acúmulo
de uma aposentadoria até o mesmo valor, ou seja, um total
de R$ 23 mil, que em alguns casos, como o de parlamentares
e juízes, ainda é acrescido de vantagens e auxílios. É o chamado
"teto-duplex". Em relação ao mínimo, os R$ 151 representam
um "puxadinho", 152 vezes menor que o "duplex"
oferecido aos que já têm o salário alto.
Com um mínimo de R$ 151, não é nem necessário
começar a fazer contas, nenhum trabalhador consegue alcançar
os direitos que a Constituição Federal reconhece. De 1940
para cá, o mínimo perdeu mais de 75 % de seu poder de compra.
O Dieese afirma que, para o trabalhador ter assegurados seus
direitos constitucionais, o valor real do salário mínimo deveria
ser superior a R$ 900.
Mesmo com a consciência geral de que o valor
é muito baixo, todo ano, especialmente nos eleitorais, é sempre
a mesma coisa; o mínimo "sobe para baixo". Nada
vai mudar se não houver pressão da sociedade. De um lado,
no sentido de se limitar efetivamente os ganhos de autoridades
e altos funcionários; de outro, para exigir a definição de
uma política permanente de recuperação do salário mínimo,
com aumentos reais acima da inflação.
Retorna
Traduzindo o Economês
Álvaro Nascimento
Um
"coIIorido"
assume o BNDES
A recente nomeação de Francisco Gross para a
Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), demonstra com clareza a estratégia de desenvolvimento
econômico e o conceito de ética que têm dado a tônica ao Governo
Fernando Henrique Cardoso.
Ex-Presidente do Banco Central no Governo Collor
de Mello, Gross deveria ser o nome menos indicado para presidir
o BNDES por um motivo até simplório: ele deve a bagatela de
R$ 32 milhões ao próprio BNDES, dívida proveniente de um financiamento
concedido ao seu banco - o BFC - em outubro de 1995. O BFC
não pagou o empréstimo e Gross e seus demais sócios entraram
na lista de inadimplentes do Governo.
O empréstimo do BNDES objetivara a compra pelo
BFC das chamadas "moedas podres" (títulos públicos
de baixo valor de mercado) para que o banco de Francisco Gross
participasse dos leilões de privatização de várias estatais.
A operação (por si só contraditória, na medida em que o Governo
propagandeava que as privatizações objetivavam abrir espaço
para que a iniciativa privada passasse a colocar seu capital
no desenvolvimento de setores onde o Estado não tinha recursos
para investir) se tornou ainda mais suspeita quando apenas
dois meses depois do empréstimo o Banco Central entra em cena
e decreta a liquidação extrajudicial do BFC de Gross. Como
o BC só decide liquidar determinada instituição após longos
anos de análise e diversos estudos sobre sua viabilidade financeira,
é no mínimo um fato suspeito um banco estatal (o BNDES) emprestar
tanto dinheiro a um banco privado nas vésperas do BC (também
estatal) decretar sua liquidação. Será que o BNDES não sabia
o que o BC já pensava fazer?
Mas como no Brasil este tipo de suspeita (por
mais que haja indícios de fraude) nunca é devidamente investigada,
o que causa espanto é o Presidente da República entregar a
este tipo de banqueiro (falido, mau pagador e devedor dos
cofres públicos) a chave do principal cofre de investimentos
da União.
Além do BFC, Fernando Gross ainda enfrenta os
credores da Sapucaia Empreendimentos e Participações S/A (controladora
do Banco) e da Brasco (outra empresa do grupo), que também
estão em processo de falência.
Por causa do BFC, Gross teve seus bens bloqueados
durante um ano e respondeu a ação penal com base na lei de
crimes contra o sistema financeiro nacional. O STJ paralisou
a ação por considerá-la "inadequada", mas Gross
continua sendo réu em ação de responsabilidade civil que pede
indenização dos prejuízos causados aos credores do BFC, cujo
valor total supera os R$ 66 milhões.
Após saber que a Procuradoria da República no
Rio abriu inquérito civil público para investigar as falências
de suas empresas e questionar sua indicação para presidir
um banco público do qual é devedor, Gross jurou que não se
envolverá diretamente em qualquer negociação do BNDES com
devedores com os quais ele tenha tido qualquer vinculação
e que sua presença na Presidência do BNDES não lhe causa nenhum
constrangimento.
Como se vê, para fazer parte do primeiro escalão
do Governo FHC e comandar a política de investimentos públicos,
não é esencial ter um bom currículo. Um "prontuário"
recheado de suspeitas, dívidas não pagas e falências assegura
a vaga.
*Álvaro Nascimento é jornalista
e Diretor Geral da ASFOC.
Retorna
A Fiocruz
fez bonito na avenida
A experiência valeu!
|
Oswaldo
Cruz na pele de Marco Antonio Menezes (Em cima da
Hora) |
As escolas de samba do grupo de acesso fizeram
um belo carnaval na Marquês de Sapucaí. Especialmente a Unidos
do Jacarezinho e a Em Cima da Hora, que homenagearam Oswaldo
Cruz e a Fundação, tiveram a participação de dezenas de trabalhadores
de vários setores da Fiocruz, enchendo de orgulho o coração
dos companheiros que estavam nas arquibancadas e camarotes.
Foi emocionante ver que, apesar de poucos sambistas
natos, a Fiocruz reúne profissionais extremamente animados
e que sabem reconhecer o valor de uma homenagem. Nos dias
que antecederam o Carnaval, o clima já era de grande euforia
e expectativa, mas na noite de sábado, a alegria tomou conta
de todos na avenida.
Independente do resultado a Em Cima da
Hora foi a terceira colocada e a Jacarezinho ficou em 11º
lugar as duas escolas fizeram um desfile cheio de beleza
e emoção.
Retorna
Espaço
Unifoc
Pensando
no Amanhã
Antonio
Humberto da Costa
Durante nossa vida sempre
buscamos viver em paz e harmonia com quem convivemos
e, às vezes, esquecemos do principal, que é o nosso
amanhã.
Como se acreditássemos
que somos imortais, deixamos sempre para tratar da
segurança de nossos entes queridos em outras oportunidades
e, eis que de repente, a morte nos surpreende. Nesse
instante, aqueles familiares que ficam vão buscar,
junto à ASFOC, alguma ajuda para o trágico acontecimento.
Para surpresa geral, vem a face cruel da verdade:
nunca fizemos, junto à Associação, um SEGURO DE VIDA
e, com isso, a família descobre o peso da falta de
uma preocupação maior com o futuro.
Este quadro vem ocorrendo
com alguma freqüência e, quero crer, acontece exatamente
porque imaginamos que vamos viver por muitos anos
e esse é um problema que pode esperar para ser resolvido
depois.
Caro colega da ativa ou
aposentado, se este é o seu caso, procure imediatamente
alguma empresa respitável, ligada ou não à ASFOC,
e efetue imediatamente o seu SEGURO DE VIDA e o AUXÍLIO
FUNERAL. Evite, assim, problemas maiores para aqueles
que sempre afirmamos que gostamos muito.
Faça uma auto-avaliação
e verificará que esta é uma solução simples, prática
e objetiva. Financeiramente, o desconto mensal é bem
menor do que se possa imaginar.
Quem é vivo é mortal.
Assuma isso!
A UNIFOC, ao trazer esta
mensagem, quer deixar claro que todas as suas ações
são transparentes e não têm qualquer ligação com seguradoras
e nem visa obter qualquer tipo de vantagens.
Retorna
|
Governos começam e terminam
o século
sem vencer problemas de Saúde Pública
Com a colaboração de Ary Carvalho
de Miranda
Quase um século depois da cruzada do sanitarista
Oswaldo Cruz para erradicar a febre amarela no País, a população
assiste perplexa ao diagnóstico de casos da doença no Norte,
Centro-Oeste e Sudeste. Na opinião do médico Rivaldo Venâncio
da Cunha (42 anos), que concluiu na Fiocruz tese de doutorado
sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção pelos
vírus dengue em áreas endêmicas do Brasil, os casos registrados
atualmente são de febre amarela silvestre. A maior preocupação,
segundo o médico, ainda é a incapacidade dos governos, inclusive
os anteriores, proporcionarem à população uma infra-estrutura
sanitária mínima, o que eleva a níveis perigosos os índices
de infestação do Aedes aegypti.
Em entrevista exclusica ao JORNAL DA ASFOC,
Rivaldo Venâncio, hoje Superintendente de Ações de Saúde da
Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso do Sul,
tranquiliza sobre as reais possibilidades de volta da febre
amarela urbana, esclarece os mitos da vacinação em massa e
relaciona as ações necessárias ao combate da doença.
Qual
o motivo dos recentes casos de febre amarela? Qual
a possibilidade de uma nova epidemia? |
Os casos de febre amarela diagnosticados no
Brasil atualmente não são surpresa, já que a doença é do tipo
silvestre, ou seja estas vítimas adoeceram na cidade mas se
contaminaram na floresta. Seu ciclo epidemiológico envolve
mosquitos dos gêneros Haemagogos e Sabethes, o macaco e, acidentalmente,
o ser humano que adentra na floresta. Caso não tenha se vacinado
contra a doença, essa pessoa, que se infectou acidentalmente
(na floresta) e foi para uma cidade como o Rio de Janeiro,
que já tem infestação de Aedes aegypti pode, teoricamente,
trazer um risco de reurbanização da febre amarela. A febre
amarela silvestre não será erradicada do Brasil, pelos menos
enquanto o homem não conseguir destruir as florestas.
O Brasil, que iniciou o século preocupado com
a febre amarela, vai terminá-lo da mesma forma. É importante
entender este aparente paradoxo: incorporamos, entre as principais
causas de morbimortalidade, aquelas derivadas da "modernidade",
tais como os acidentes de trânsito e a violênica urbana, no
entanto, não conseguimos solucionar os problemas de infra-estrutura
sanitária ligados à qualidade de vida da população, como por
exemplo a adequada coleta de resíduos sólidos e ampla rede
de esgoto. As deficiências no abastecimento de água feito
pelos Governos nas regiões mais carentes têm obrigado milhares
de famílias a encontrarem alternativas, muitas vezes inadequadas,
para armazenar a água, colaborando para o aparecimento dos
criadouros do mosquito Aedes aegypti e elevando a infestação
a níveis preocupantes.
Qual
é a medida preconizada corretamente para proteger
a população? |
Hoje, é bom lembrar, o maior problema do Brasil
é desemprego e não a febre amarela. A intensidade e a forma
como os problemas de saúde são tratados pela mídia, por vezes
pode levar a população a achar que o Estado, enquanto gestor
estadual da Saúde e os municípios, enquanto executores, têm
obrigação de promover vacinações em massa contra a febre amarela.
Essa não é a conduta preconizada neste momento, exatamente
porque os índices vacinais são muito elevados. No Centro-Oeste,
por exemplo, estima-se que mais de 80% da população urbana
está vacinada contra a febre amarela.
O que deve ser feito é um bloqueio nas áreas
próximas ao possível local de contaminação, bem como onde
moram as pessoas que se infectaram pela febre amarela silvestre
e, sobretudo, o controle dos índices de infestação do mosquito
Aedes aegypti, transmissor da febre amarela urbana. A grande
discussão deve ser o por quê dos índices de infestação do
transmissor da febre amarela urbana continuarem tão elevados
na maioria das cidades de grande e médio porte.
Há perspectivas
de controle do mosquito nos centros urbanos? Por que
isso não é feito? |
O Brasil tem um belíssimo Sistema de Saúde,
ainda não implantado na sua plenitude. Os Governos não conseguiram
solucionar o grande motor deste Sistema, que é o seu financiamento.
Enquanto tivermos um financiamento espasmódico, com recursos
financeiros sendo liberados apenas em determinadas épocas
do ano, de acordo com o risco existente, o controle do mosquito
continuará muito difícil; cabe lembrar, também, os crônicos
problemas de infra-estrutura, de saneamento básico.
O Ministro José Serra assumiu o cargo no auge
da epidemia de dengue, há dois anos. Agora é a vez da febre
amarela. A raiz do problema é a mesma. Os índices do infestação
desse mosquito continuam elevados. É possível baixá-los e
tê-los sob controle, só que essa é uma questão que não se
resolve do dia para a noite. Porque além de exigir adequação
da infra-estrutura urbana, no que diz respeito ao abastecimento
de água e à coleta de resíduos sólidos, depende também do
comportamento da população, que precisa ter informação suficiente
para assumir a atitude de não manter os criadouros do mosquito
em casa. É algo parecido com a infecção pelo HIV: não basta
saber que a camisinha protege, é preciso usá-la.
No
meio acadêmico discute-se que a vacina da febre amarela
poderia provocar, através de uma reação cruzada, o
dengue hemorrágico nas pessoas que já tenham sido
contaminadas pelo vírus do dengue anteriormente. O
senhor concorda com isso? |
Essa hipótese é discutível. Até porque, se fosse
verdadeira, os quadros de dengue hemorrágico seriam muito
mais numerosos do que os existentes hoje. O que se tem de
estabelecido é que a vacina contra a febre amarela, cuja produção
mundial é feita 85% pela Fiocruz, é uma das melhores vacinas
do mundo. A única contra-indicação é a aplicação da vacina
em crianças menores de seis meses de idade, gestantes, pacientes
imuno-deprimidos e naquelas pessoas alérgicas a ovo ou a produtos
derivados deste.
Qual
a área potencial de propagação da febre amarela, incluindo
a autonomia de vôo do Aedes? |
A autonomia de vôo do Aedes é relativamente
curta. Ou seja, se um paciente, que vem da Baixada Fluminense,
estiver com febre amarela e, paralelamente, forem registrados
casos da doença, por exemplo, em Ipanema, é praticamente impossível
que aquele mesmo mosquito (vindo da Baixada) seja o transmissor
da doença na Zona Sul. Mesmo assim, sabe-se de casos em que
o mosquito foi transportado acidentalmente para regiões distantes,
dentro de uma mobília ou no interior de um avião. Mas isso
é muito raro!
Como é o prognóstico
da febre amarela? |
Como quase todas as doenças virais, a febre
amarela não é necessariamente fatal. Esta doença tem um espectro
clínico muito grande, que vai desde a infecção assintomática
(onde o doente não apresenta os sintomas), passa pela forma
oligossintomática (branda, onde há manifestações gerais dos
sintomas) até chegar à sua forma grave, na qual o paciente,
se não for diagnosticado e tratado precocemente, vai apresentar
sinais e sintomas de maior gravidade, podendo chegar à morte.
Por
quanto tempo uma pessoa doente fica como potencial
propagadora da doença, caso venha a ser picada pelo
mosquito? |
O tempo durante o qual o vírus da febre amarela
circula no sangue humano é, em média, quatro dias. Isso dificulta
a formação de uma epidemia da doença, porque haverá a necessidade
de uma quantidade muito maior de mosquitos para aumentar a
probabilidade de que aquela pessoa contaminada venha a ser
picada, no período em que ela ainda estiver com o vírus no
sangue.
Além do papel do
Sistema Público no combate à doença, que outras instituições
podem ajudar nesta batalha? |
Há um segmento de máxima importância neste processo,
que são as agências de turismo. Ao vender os pacotes turísticos
para uma região endêmica, deve ser de responsabilidade da
agência alertar o turista sobre a necessidade de prevenção
de todas as doenças inerentes aquela região.
Retorna
|